quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Premio Literário BN


Acontece hoje, 16 de dezembro, às 17h, no auditório Machado de Assis, na Fundação Biblioteca Nacional a entrega do Prêmio Literário oferecido pela mesma instituição aos autores que se destacaram entre dezembro de 2008 e outubro deste ano. Veja aqui a lista completa do vencedores.

O livro "A Geopóetica de Euclides da Cunha", da EdUERJ escrita pelo professor Ronaldes de Melo e Souza obteve a 3ª colocação na categoria 'Ensaio Literário'. No ano em que é celebardo os 100 anos sem Euclides da Cunha. Leia o release da obra.



quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Catálogo EdUERJ 2009



Por intermédio dos Catálogos EdUERJ, você terá a oportunidade de viajar pelo mundo acadêmico norteado por dissertações e teses, textos sobre a nossa cidade, material de uso didático e ensaios transdisciplinares.

Clique aqui e baixe o Catálogo EdUERJ 2009

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Convite


Festa de Lançamento 

Revista Ficções 18

Para participar você se convida:


no Twitter  seguindo:

@revistaficcoes

 e por e-mail:  

comente@revistaficcoes.com.br

A festa acontece na próxima sexta, 11 de dezembro, 
às 19h30 no Oi Futuro Flamengo. 


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

PROPOSIÇÕES – ENSAIOS DE HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA de Jacques Revel

A EdUERJ disponibiliza aos leitores brasileiros uma obra que, embora se dedique predominantemente a reflexões sobre história e historiografia, como o título sugere, desperta também grande interesse multidisciplinar. Porque a palavra-chave que atravessa o livro, implícita ou explicitamente, dando liga aos ensaios que o compõem, é "cultura". As áreas do saber para as quais os estudos culturais e as práticas culturais têm relevância podem tomar os estudos reunidos em Proposições como modelares para o exercício de um pensamento crítico lúcido, bem fundamentado, com densidade teórica,favorecido pelo gênero ensaístico, que se abre para perspectivas múltiplas, sem se fixar em fechar um foco conclusivo; descentrando mais do que centrando; trazendo para a atualidade novos diálogos sobre o passado; e retrabalhando tensões fundamentais existentes no campo da história e das formas de narrar o conhecimento sobre o homem e a sociedade.
Dos sete ensaios de Proposições, seis integram importantes publicações científicas européias. Todos estão sendo traduzidos pela primeira vez em língua portuguesa. O intitulado "Cultura, culturas: uma perspectiva historiográfica" é inédito, e foi produzido especialmente para este volume.
Destacamos o "Cultura, culturas" por ser um texto que vai levantar justamente um debate fundamental para aqueles que ficaram órfãos dos paradigmas explicativos totalizantes e integradores e se depararam com o que aparentemente seria uma anarquia conceitual. Jacques Revel vai apontar a riqueza e o desafio de se pensar nesse contexto. Na verdade, para o autor, essa contingência de fortes "turbulências epistemológicas" é de fato muito complexa, "mas também um momento de reflexão crítica das disciplinas sobre si mesmas, sobre seus pressupostos e sobre seus modos de fazer, que também afetou a história". O historiador analisa que esse momento de visadas apresentou aspectos muito positivos simultaneamente a outros negativos.De um lado, tem-se a renúncia à arrogância discursiva, mas que levou a um relativismo cético; de outro, conquista-se uma liberdade e uma renovação da capacidade intelectual; a própria redefinição dos conceitos "social", "histórico" e "cultural" seria uma das consequências fecundas. A maneira de se lidar com os cânones, com o passado, com a forma restritiva de transmissão de conhecimentos foram reconfiguradas pelos acadêmicos. Enfim, há muitos pontos favoráveis nesse processo, e é isso que Revel vai procurar indicar, embora alertando também para os conflitos e as incertezas que essa gama de diversidade epistemológica, metodológica e conceitual traz.
Os outros seis ensaios trazem debates dos quais Jacques Revel não quer extrair os pontos de chegada, mas, sim, algumas origens – os pontos de partida – dos mesmos, suas condições efetivas, que em geral caem no esquecimento, soprepujadas pelos resultados. São eles: as confrontações das ciências sociais e humanas, os paradigmas dos Annales; os primeiros Annales (o papel de Maurice Halbwachs); o itinerário da desconfiança do "acontecimento"; os intelectuais e a cultura "popular" na França iluminista; a proliferação de noções sobre as práticas culturais, por conseguinte, o aumento das incertezas das concepções dos historiadores.
Finalmente, a erudição da escrita de Revel em nenhum momento nos afasta do cerne de suas análises, dos eixos de seus debates, que em última instância delineiam a percepção do feixe de incertezas que o estudioso contemporâneo tem de enfrentar. O historiador oferece algumas proposições de como lidar com esse emaranhado de teorias.
Carmen da Matta
Doutora em Literatura Comparada







quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

EdUERJ informa!


O livro A mulher que transou com o cavalo e outras histórias de João Ximenes Braga. Lançamento da Editora Língua Geral e a Livraria Travessa, dia 7 de dezembro às 19h.

"Nos contos de A mulher que transou com o cavalo e outras histórias, a cidade não se revela como mero pano de fundo ou coadjuvante das tramas, mas parece servir, antes, como interlocutora perfeita para a criação ficcional de João Ximenes Braga. A cidade – intensa e caótica – vai se formando a cada narrativa como um museu de tipos humanos, ora curiosos, ora com anseios que não escapam do comum dos homens. Personagens divertidos, grotescos, pitorescos, sentimentais, violentos, alguns bem dramáticos, quase todos com suas vidas íntimas expostas pelo ponto de vista dos narradores."

Para saber mais acesse: 
http://linguageral.com.br/site/titulodetalhe.asp?tituloid=90&sec=titulos










terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Mesa de Poetas na UERJ



A UERJ presenteia os amantes da poesia e da literatura contemporânea com a "Mesa de Poetas" nesta próxima quinta-feira, 3 de dezembro, às 18h.

O evento terá a participação dos escritores Michel Melamed, Chacal, Laura Erber e Ângela Melim.

A proposta é confrontar as gerações e suas respectivas visões diferentes dos autores quanto a produção literária.

As distisntas vivências de gerações vão desde os anos 70, com os poetas marginais, Angela Melim e Chacal, até hoje com a nova poesia contemporânea de Laura Erber e Michel Melamed.

Em 2010, Angela Melim será uma das autoras da Coleção Ciranda da Poesia da EdUERJ.



Quinta-feira, 3 de dezembro, 18h.

Centro Cultural da UERJ - salão 2

R. São Francisco Xavier, 524 - Maracanã

Entrada Gratuita





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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

15ª Primavera dos Livros - Rio de Janeiro 2009


A EdUERJ tem a honra de participar da 15ª Primavera dos Livros 2009, de 26 a 29 de novembro, realização da LIBRE - Liga Brasileira de Editoras. 

O tema desse encontro é a Literatura de Cordel, em homenagem ao centenário de nascimento do poeta e cordelista cearense Patativa do Assaré.
A programação está animada com lançamentos especiais e descontos. A EdUERJ oferece descontos de até 50%, e em destaque os livros Machado para Jovens Leitores e Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro.

Para saber mais: http://www.libre.org.br/primavera_livros.asp

Entrada gratuita.

Horário: 10h às 22h

Local: Jardins do Museu da República
Rua do Catete, 153 - RJ







segunda-feira, 23 de novembro de 2009

EdUERJ no Jornal " O Liberal"



A parceria da EdUERJ com o mestre Márcio Couto Henrique resultou na publicação do livro "Um toque de voyerismo. O diário de Couto Magalhães (1880 - 1887)".  Trabalho de dedicação e de muita pesquisa oferece ao leitor a descoberta do mundo curioso de um importante político para Brasil, Couto de Magalhães.

O jornal de Belém, O Liberal, em 22 de novembro publicou uma exclusiva entrevista com o autor Márcio Couto no caderno Magazine, em destaque "Livro revela a sexualidade da sociedade brasileira do século XIX".



Couto de Magalhães era as duas coisas: tanto heróico quanto humano. 'Usei Couto de Magalhães como uma janela para estudar a sociedade brasileira da segunda metade do século XIX', esclarece o autor. Márcio destaca os dois principais fatos que fazem do político uma personalidade importante para a história do Brasil. 'Ele foi o primeiro intelectual a coletar informações sobre o folclore brasileiro. Publicou lendas indígenas, principalmente amazônicas, no livro ‘O selvagem’ (1876), a partir do qual desenvolvi a minha pesquisa do mestrado.' O segundo motivo foi sua atuação na Guerra do Paraguai, na qual venceu muitas batalhas, entre elas a de Corumbá, momento em que acabou com a posse dos paraguaios sobre o município de Mato Grosso do Sul. (fonte: Jornal O Liberal)

Para ler mais acesse o site:





 


terça-feira, 10 de novembro de 2009

ETNOGRAFIA E EDUCAÇÃO: RELATOS DE PESQUISA de Carmen Lúcia Guimarães de Mattos e Helena Amaral da Fontoura




Relatar nossas experiências por meio de palavras é sempre um processo árduo e delicado, pois exige reflexão, clareza e habilidade de escrita. Trata-se de conseguir fazer com que o leitor possa lançar um olhar adequado certo sobre o assunto estudado. É essa a ambição deste livro: sensibilizar o olhar, torná-lo mais crítico.
O leitor irá se deparar com doze relatos de pesquisas etnográficas que visam à compreensão de questões relacionadas à educação pública no Brasil. Ao tratar de temas como fracasso escolar, práticas de ensino-aprendizagem, educação especial, violência, entre tantos outros assuntos do cotidiano escolar, "Etnografia e educação: relatos de pesquisa" aguça olhares, propõe reflexões e pulveriza ideias e preconceitos aderidos há décadas à cultura e à política de nosso país.
A contribuição da etnografia se dá pela possibilidade de estudar a realidade a partir da voz dos sujeitos, por fornecer um aporte teórico que leve ao desvelamento dos espaços institucionais e uma visão profunda de uma realidade social complexa, composta de muitas variáveis. Entende-se, assim, que os indivíduos não estão apenas vivendo em determinado meio social, mas também construindo suas realidades como sujeitos.
É urgente ampliar o entendimento sobre a educação em nosso país. São urgentes também novos referenciais teóricos e metodológicos. As pesquisas, dessa maneira, contribuem para a compreensão dos processos de ensinoaprendizagem e das dimensões sociais, culturais e psicológicas que permeiam o cotidiano. Pensar o tema do fracasso a partir da ótica daqueles que sofrem – o que continua sendo um problema nacional – e nas consequências socioeducacionais drásticas para os jovens parece ser o primeiro passo para políticas mais reflexivas e, por isso, mais eficientes.
O presente livro, longe de estereótipos e preconceitos quanto aos setores menos favorecidos, contribui para desmistificar a incapacidade deles para o sucesso escolar. Além disso, busca avançar e contribuir para a discussão de novas teorias e práticas dentro do universo educacional – lança um novo olhar... E, assim, torna-se leitura muito preciosa para professores e pesquisadores que desejam entender melhor como a escola, por vezes, aprofunda as desigualdades e os caminhos que levam ao fracasso inúmeros alunos que ainda assim acreditam no poder transformador da educação.
Ricardo Freitas
Bacharel em Letras


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

As marcas da escravidão: O negro e o discurso oitocentista no Brasil e nos Estados Unidos de Heloisa Toller




       As sociedades do Novo Mundo e os dominadores europeus fundamentaram a empresa colonial em ideologias raciais autojustificadoras tão eficientes que até hoje reverberam na sociedade, na política, nas atitudes, no imaginário.
       Este livro busca recompor a imagem (e a autoimagem) do negro no Brasil e nos Estados Unidos oitocentistas a partir de significativas mostras de discursos religiosos, políticos e literários, sendo os últimos especialmente férteis, valendo-se de uma pesquisa interdisciplinar que recorre às ciências sociais e a outros saberes sem se submeter a nenhum deles. O corpus reunido de discursos permite-nos vislumbrar as complexas relações inter-raciais do universo oitocentista, “cria vastos painéis sociais, em suas nuances e modulações”.
       Sobre isso Heloisa Toller Gomes se debruça: seu trabalho é vasculhar a literatura oitocentista em busca de pistas que ajudem a caracterizar o discurso que se formou sobre o negro. Apoiada pelas teorias de Michel Foucault (análise das formações discursivas) e Jacques Derrida (literatura na intertextualidade), a autora disseca conceitos ideológicos que perpassaram séculos e vai além: vasculha, disseca, mas também indaga: como se distanciar da tragédia da escravidão para analisá-la? Como se caracteriza o discurso que se formou sobre o negro? E como se formou a alteridade do negro? O ponto de partida é a própria literatura, que, entre questões antigas e atuais, ilumina os códigos, os comportamentos, critica a ordem vigente e as relações de poder.
       A autora, ciente da complexa relação entre poder e saber, retira o negro do lugar do outro determinado pelo mesmo, nele reconhecendo um estatuto próprio de alteridade. No caminho, trata do que é explícito e do que é velado, dos mecanismos de controle que fatalmente engendraram “efeitos de verdade”. Seu livro é resultado do esforço de captar vozes perdidas no tempo, e o mérito maior talvez seja ter conseguido fazer-nos ouvir o que se calou.
       Ao leitor que percorrerá as páginas deste livro um mosaico se apresenta, além da possibilidade de compreender quanto do passado ainda permanece nos dias de hoje, mesmo que muitas coisas sejam encaradas como findas. As marcas da escravidão, de Heloisa Toller Gomes, é acima de tudo um convite à reflexão sobre valores e papéis forjados e reafirmados pela sociedade em relação ao negro. 
  
       Ricardo Freitas
Bacharel em letras - UERJ

Um Toque de Voyeurismo: o diário íntimo de Couto de Magalhães (1880-1887) de Márcio Couto Henrique


Negociando em Londres ações da companhia ferroviária Minas-Rio no final do século XIX, um brasileiro exemplar começava a escrever seu diário íntimo. Rico, herói da Guerra do Paraguai, presidente de várias províncias do Império, erudito, por muitos con-siderado iniciador da etnologia brasileira, era o general Couto de Magalhães, que, do alto de seus quarenta e poucos anos, iniciava uma “peregrinação ao mundo interior”.
Nas cuidadosas mãos de Márcio Couto Henrique, o diário íntimo de Couto de Magalhães serve como espécie de fresta – estreita, é verdade, mas estrategicamente posicionada. Através dela, o autor deste livro abre uma nova perspectiva sobre a vida privada das elites brasileiras da segunda metade do século XIX, particularmente a de seus “grandes homens”. Os contornos da cena, que o diário oferece apenas obliquamente, são completados pelo antropólogo com informações advindas de diferentes fontes sobre o período e o herói. Assim, observam-se os desvãos do modelo da “família higiênica burguesa” ou, ao menos, o quanto a trajetória de certos homens da elite oitocentista podia se distanciar dos valores que médicos e outros empresários morais procuravam tão diligentemente disseminar entre nós. Aos poucos, o imponente retrato do militar confeccionado por Almeida Júnior vai revelando outros matizes: solteirão convicto, que via no casamento uma forma de escravidão e cujos sonhos eram povoados de fantasias homossexuais, pai de filhos naturais, contaminado pela sífilis e, sobretudo, hipocondríaco.
Dores, pruridos, gases, sensações, tumores, temperaturas, depressões, cólicas, inflamações, cismas, nevralgias, atrofias, ansiedades, terrores vagos, dormências, irritações, humores, sonhos eróticos – cuidadosamente redigidos em nheengatu ou em código indecifrável –, tudo se registra nessa espécie de diário anamnésico. Baseado em minuciosas notas e nas inúmeras terapias que essas fraquezas ensejavam, Márcio Couto Henrique explora como os homens da segunda metade do século XIX relacionavam-se consigo mesmos e seus corpos e como, por debaixo de seus muitos galões e medalhas, é possível perceber sua singular humanidade.

Sérgio Carrara
Professor do Instituto de
Medicina Social da UERJ

TEATRO E DANÇA COMO EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA


         Teatro e dança como experiência comunitária, organizado por Victor Hugo Pereira, Zeca Ligiéro e Narciso Telles, é um presente para aqueles que se preocupam com o futuro da arte brasileira e principalmente com o teatro e a dança. Esse livro é fruto de intensas pesquisas e dedicação de professores, universitários e artistas engajados em uma arte libertária no âmbito do indivíduo e de seu grupo social.
          Seu diferencial é tratar da produção cênica que não é pautada pelas regras do mercado do espetáculo no Brasil, aquela que já foi nomeada de “periférica”, “extra” ou “marginal”, mas que agora merece seu espaço mesmo que não tenha as benesses do poder ou polpudos patrocínios.
         A questão social brasileira está completamente associada à evolução da dança e do teatro, e a comunidade também é importante nesse processo. Entrevistas feitas com grandes produtores dessa arte social, como Guti Fraga do grupo Nós do Morro, para ressaltar seu histórico de vida e suas práticas sociais tão importantes, também fazem parte dessa publicação.
        Há quem diga que no Brasil não existe vontade de mudar a realidade daqueles que mais necessitam. E o fenômeno do projeto social é prova de que a realidade pode realmente ser transformada e o acesso à arte ser de fato democrático, com o objetivo de concretizar sonhos e experimentar uma nova alternativa de vida. A dança e o teatro estão entrelaçados na proposta do livro, como reitera Carmen Luz, responsável pela Companhia Étnica de Dança e Teatro: “Trabalhamos, contemplamos, justamente isso.
A ação não é só formar bailarinos, atores, artistas, mas, antes, instruir essas pessoas”.
       Essa obra tem grande valor para o mundo acadêmico e artístico, pois é uma das poucas publicações sobre o papel da arte comunitária no cenário atual, ressaltando o quanto é importante para o desenvolvimento educacional do País. Apresenta ainda trabalhos cariocas surpreendentes, como os dos grupos Armazém das Ideias e Ações Comunitárias (AIACOM), Nós do Morro, Companhia Étnica de Dança e Teatro e o Tá Na Rua.
     O livro não é um guia ou um manual de como executar o teatro e a dança em perspectiva comunitária, mas um difusor de discussões profundas sobre o relacionamento entre o homem e a sociedade e as possibilidades que ele encontra para sobreviver, participar e ser reconhecido. Nas palavras dos organizadores, “oferece uma série de reflexões sobre o fazer a arte com e para pessoas que não estão no circuito pequeno-burguês das casas de espetáculo e que ainda sonham com o teatro e a dança como processos alquímicos de transformação de quem os faz e de quem assiste”. Mais uma etapa da realização dos sonhos e lutas.
Ana Carolina Ferreira de Almeida
Graduanda de Letras / UERJ

terça-feira, 15 de setembro de 2009

NOVOS PIERRÔS, VELHOS SALTIMBANCOS

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Vera Lins é ensaísta e crítica literária, especialista nas relações entre literatura e artes plásticas. Seu livro aborda uma questão inédita no âmbito da discussão da existência de produção artística e literária moderna antes de 1922, tendo em vista a vivência de Gonzaga Duque como precursor da crítica de arte.
O livro trata da obra do supracitado crítico de artes plásticas que inaugurou uma visão de sobre artes no Brasil, escrevendo entre 1886 e 1911. Seu trabalho antecede o período considerado modernista; no entanto, mostra uma abertura para questões da cultura e da arte que possibilitam considerá-lo avant la lettre.
            Em Novos Pierrôs, Velhos Saltimbancos, faz-se uma leitura de toda a sua trajetória no contexto da virada do século XIX para o século XX, tentando entendê-la teoricamente no panorama do simbolismo brasileiro e europeu. Associam-se as interrogações nesse final de século dos simbolistas cariocas - grupo ao qual pertencia Gonzaga Duque -, com questões que suscitavam a modernidade.  A busca de outras linguagens, fora do racionalismo pragmático e do ego liberal, marca as explorações dos intelectuais finisseculares numa direção trágica.
A autora articula crítica, utopia, tragicidade, e repensa a noção de modernidade na história cultural brasileira em que vivemos hoje.

Ana Carolina Almeida
            Graduanda em Letras





quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A GEOPOÉTICA DE EUCLIDES DA CUNHA


A geopoética de Euclides da Cunha, de Ronaldes de Melo e Souza, é uma visão totalmente nova sobre a obra euclidiana. Geopoética significa poética da terra. A expressão inédita corresponde à originalidade da ficção narrativa de Euclides da Cunha no contexto literário nacional e internacional. A novidade se fundamenta na interpenetração dinâmica do vigor da inspiração artística e do rigor científico da reflexão, decorrente do projeto euclidiano do consórcio da ciência e da arte. A observação sem imaginação não se legitima.




A tese da poética da terra é demonstrada através da correlação que Ronaldes estabelece entre a diversidade da terra e a heterogeneidade do narrador. A invenção euclidiana do narrador multiperspectivado promove o intercâmbio dialógico dos discursos poéticos, filosóficos e cientifícos. Para se haver com a multplicidade da potência telúrica, o narrador se desdobra em diversas máscaras narrativas. A singularidade do estilo narrativo euclidiano é depreendida por Ronaldes na interação dialética entre a consciência crítica da razão, exercida pelo narrador, e a experiência passional da imaginação, dramatizada nos refletores ou máscaras narrativas. Observador itinerante, pintor da natureza, encenador teatral, investigador dialético, refletor dramático e historiador irônico são denominações que Ronaldes de Melo e Souza propõe para viabilizar a compreensão de Os sertões. Plural desde o título, o livro solicita um enfoque transdisciplinar, capaz de suplantar os estudos norteados por um ponto de vista único, seja ele literário ou científico.
Não há nada fixo no universo euclidiano. Tudo se representa em formação e transformação. No prólogo dramático de Os sertões, a própria terra se manifesta em gestação, e a excessividade da força telúrica é o motivo indutor e condutor de sua obra inacabada sobre a selva amazônica. Um paraíso perdido se apresenta como ato cosmogônico em devir. Na ficção narrativa de Euclides da Cunha, demonstra Ronaldes, narrar significa invencionar a nação. Equacionando narração e nação, Euclides elabora uma obra comprometida com o projeto emancipatório do homem genuinamente brasileiro.
De acordo com a tese de Ronaldes, ao fazer da Terra, concebida como a vasta metamorfose de um organismo vivo, a protagonista de sua obra, Euclides supera a tradição do conhecimento ocidental-europeu, que se define na antiga separação do espírito e da natureza e na moderna dicotomia do sujeito e do objeto. A escola a que se filia Euclides da Cunha pertence a um pequeno número de pensadores e poetas que permaneceram à margem da cultura hegemônica do Ocidente. O grande mérito de A geopoética de Euclides da Cunha é inscrever a revolução euclidiana na cintilante linha da fantasia filosófica de Vico, do poetar pensante de Goethe, da imaginação transcendental de Fichte, da correlação da ciência e da arte de Alexander von Humboldt e da ironia romântica de Friedrich Schlegel. Somente depois das várias desconstruções da metafísica e do advento do novo espírito científico delineado por Gaston Bachelard, é que se prepara o consórcio da ciência e da arte, já advogado e realizado por Euclides da Cunha. Esta presciência e espantosa modernidade do escritor fluminense são exaustivamente argumentadas e explicitadas por Ronaldes de Melo e Souza em A geopoética de Euclides da Cunha.

Profª Maria Lucia Guimarães de Faria