quarta-feira, 16 de setembro de 2009

TEATRO E DANÇA COMO EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA


         Teatro e dança como experiência comunitária, organizado por Victor Hugo Pereira, Zeca Ligiéro e Narciso Telles, é um presente para aqueles que se preocupam com o futuro da arte brasileira e principalmente com o teatro e a dança. Esse livro é fruto de intensas pesquisas e dedicação de professores, universitários e artistas engajados em uma arte libertária no âmbito do indivíduo e de seu grupo social.
          Seu diferencial é tratar da produção cênica que não é pautada pelas regras do mercado do espetáculo no Brasil, aquela que já foi nomeada de “periférica”, “extra” ou “marginal”, mas que agora merece seu espaço mesmo que não tenha as benesses do poder ou polpudos patrocínios.
         A questão social brasileira está completamente associada à evolução da dança e do teatro, e a comunidade também é importante nesse processo. Entrevistas feitas com grandes produtores dessa arte social, como Guti Fraga do grupo Nós do Morro, para ressaltar seu histórico de vida e suas práticas sociais tão importantes, também fazem parte dessa publicação.
        Há quem diga que no Brasil não existe vontade de mudar a realidade daqueles que mais necessitam. E o fenômeno do projeto social é prova de que a realidade pode realmente ser transformada e o acesso à arte ser de fato democrático, com o objetivo de concretizar sonhos e experimentar uma nova alternativa de vida. A dança e o teatro estão entrelaçados na proposta do livro, como reitera Carmen Luz, responsável pela Companhia Étnica de Dança e Teatro: “Trabalhamos, contemplamos, justamente isso.
A ação não é só formar bailarinos, atores, artistas, mas, antes, instruir essas pessoas”.
       Essa obra tem grande valor para o mundo acadêmico e artístico, pois é uma das poucas publicações sobre o papel da arte comunitária no cenário atual, ressaltando o quanto é importante para o desenvolvimento educacional do País. Apresenta ainda trabalhos cariocas surpreendentes, como os dos grupos Armazém das Ideias e Ações Comunitárias (AIACOM), Nós do Morro, Companhia Étnica de Dança e Teatro e o Tá Na Rua.
     O livro não é um guia ou um manual de como executar o teatro e a dança em perspectiva comunitária, mas um difusor de discussões profundas sobre o relacionamento entre o homem e a sociedade e as possibilidades que ele encontra para sobreviver, participar e ser reconhecido. Nas palavras dos organizadores, “oferece uma série de reflexões sobre o fazer a arte com e para pessoas que não estão no circuito pequeno-burguês das casas de espetáculo e que ainda sonham com o teatro e a dança como processos alquímicos de transformação de quem os faz e de quem assiste”. Mais uma etapa da realização dos sonhos e lutas.
Ana Carolina Ferreira de Almeida
Graduanda de Letras / UERJ

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leia antes de comentar:
Todos os comentários são passíveis a moderações antes de sua publicação.

- Qualquer tipo de propaganda de outros blogs ou sites é vedada, para tal envie-nos um e-mail;
- Não inclua links desnecessários no conteúdo do seu comentário;
- Se quiser deixar sua URL, comente usando a opção OpenID;
- Privilegie a variedade padrão da língua;
- Para pedidos, dúvidas e afins utilize a seção "Contato";

Os comentários dos leitores não refletem necessariamente as opiniões do blog.
EdUERJ©2009